segunda-feira, 10 de novembro de 2008

...

foste o poema primeiro,
que em mim criou
emoções com forma e espaço.
dando um corpo de palavra
aos meus sonhos;
e trazendo-me os desejos medonhos,
das almas e corpos
irmanados num universal abraço.

tudo no universo se desvanece…
somos apenas cósmica poeira
à deriva no espaço sideral!
mas a palavra perdurará
para além do que de imediato acontece;
e o ridículo do que se disse
perder-se-à com a ingenuidade original.

por isso te invisto
com a dignidade de seres o primeiro.
porque em ti há a minha vida toda
feita num imediato impulso!
sou eu na minha natureza por inteiro;
procurando os paraísos,
de onde nenhum homem seja expulso…

mas hoje, ao recordar-te…
enfim; rever-te!
vejo-te como o princípio de um imenso adeus.
porque pelo sonho que és,
é perpetuo o meu querer-te!
e tudo posso perder,
mas os sonhos,
esses, serão sempre meus!

e quando,
no porvir do inexorável tempo,
o rosto que te deu origem;
começar a desvanecer-se
da memória do meu sentimento;
ficará a palavra então tão virgem;
deixando para a eternidade,
a poética imensidão de um perfeito momento…





leal maria

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