sábado, 22 de outubro de 2011

quis o poema (um estudo do sarcasmo e ironia)

quis o poema
o perfeito ritmo do fonema
com sentido e válida mensagem

e nos remetesse para a viagem
ao citar o nome de uma rua qualquer
numa cidade estrangeira e norte europeia
referindo o curioso autóctone desvelado numa onomatopeia
frente a uma bonita mulher
de anca esguia e olho azul
uma diferente beleza destas nossas mulheres do sul

estranho ritual de acasalamento
improvável exotismo 
evidenciando a universalidade do sentimento
num inspirado lirismo 

um poema que subliminarmente
de mim dissesse ser cosmopolita
perpétuo migrante no mundo


dos demais diferente
que na cidade estranja habita
o ideal mais profundo

um poema assim ao modo como fazem  nossos poetas
conhecedores da toponímia de Estocolmo e Amesterdão
desinteressados das nacionais tretas
como se para com eles tivéssemos uma divida de gratidão

mas somente me saíram palavras mal alinhavadas
amontoado de ideias desconexas
monumento à contradição

onde exercito manter alinhadas
as formas côncavas e convexas
das tempestades que me assolam o coração

cosmopolitismo introspectivo
viagem por topografias acidentadas
com cada rua sem o nome respectivo
tal a  violência em que foram geradas

em todo caso
sei o nome de algumas ruas de Lisboa
também de Aveiro
onde se passeia tanta mulher boa
e meus sentidos gritam para que delas me faça companheiro

é assim torta toda a grafia gerada por minha mão
sem outro sentido do que o usual tesão.




leal maria

sábado, 15 de outubro de 2011

revolta

atira pedras
imprime ao braço a necessária intensidade
a violência onde medras
dir-te-á  até onde irás
para fazeres valer a tua verdade

não ponderes os prós e contras
é necessária alguma loucura
os filhos da puta que agora encontras
não merecem nenhuma ternura

vai em frente

sacia na violência a tua fome
anuncia-te num grito de revolta
torna maldito o teu nome
sê o diabo à solta




leal maria