domingo, 4 de dezembro de 2022

sangue

 encarnado

a fugir à côr do vinho carrascão

assim é o sangue

na guerra  vertido em profusão  


concreto, literal e expremido à dor

pretendem-no sagrado

necessário unguento redentor

justificando cada corpo tombado


e ainda que aos cadáveres agora dele esvaídos

nenhuma metáfora lhes valha

não há demanda ideológica sem o seu quinhão de caídos

recorrente mão d'obra à disposição da mais reles escumalha


impetuosos e galantes generais 

aspirando à inscrição nos livros da história

alicerçada a ambição na podridão dos demais

têm-se como merecedores de serem alçados à glória 

 

e tu, satisfaz-lhes as vís vontades

alimentas-te nas suas enviesadas ideologias 

tolo prosélito 

a seu mando assediando cidades

semeando a triste morte onde houvera de crescer vida e alegrias 


nas suas bem apetrechadas casernas

na elegância cerimonial dos seus palácios sumptuosos 

congeminam embrutecer-te Homem das cavernas

requerendo de carne despida os teus ossos


são eles a essencial estrutura

dos projectos desses contra a humanidade mancomunados

horrenda arquitetura

de uma sociedade onde uns dominam e outros são dominados 


e tu, satisfaz-lhes as vís vontades

alimentas-te nas suas enviesadas ideologias

tolo prosélito 

a seu mando assediando cidades

semeando a triste morte onde houvera de crescer vida e alegrias



leal maria