ofuscam-me as intensas luzes que achei
dissimuladas, são de outros as suas verdades
em vão foi que afoito as busquei
não servem para me iluminar as cidades
querem-me na forma que lhes convém
desenhado segundo os seus desejos
mas as minhas razões votam-nos ao desdém
que mentiras tenho eu de sobejos
às realidades que me querem impor
respondo-lhes de dedo em riste
que nos fogos-fátuos em que alardeiam ardor
vislumbro a escuridão que neles subsiste
não serão eles dizer-me para onde vou
renego esses fornicadores de almas alheias
vejo bem a petulância que tanto os inchou
ao alimentarem-se dos cadáveres que repartem a meias
porque lá… no mais profundo que há em mim
outros são os abraços em que me irei amortalhar
recuso que me destinem um fim
não será pela força que me farão soçobrar
do passado, ouço os gritos dos nossos avós
sepultados no limbo dos injustiçados
perfilam-se no caminho para que não o faça-mos sós
que passou o tempo dos homens escorraçados
vem então… junta a tua à minha vontade
retesa o braço para a batalha que se anuncia
assaltaremos a fortificada cidade
vergar-lha-emos à força da nossa poesia
na talha da palavra descobriremos
o que há p´ra lá do que nos querem mostrar
e então o futuro far-se-á como queremos
e os gritos serão das canções que iremos cantar
por certo que erraremos algum compasso
haverá notas deslocadas das pautas
mas à nossa frente, todo esse mar aberto no espaço
encontrar-nos-á intrépidos nautas
e do passado…
sepultados no limbo dos injustiçados
ouviremos os gritos dos nossos avós:
não queremos mais homens escorraçados
perfilar-nos-emos no caminho…
não o fareis sós!
leal maria
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