tu e eu
com as palavras nos lábios ardendo
enredados nas entrelinhas do que sentimos
vemo-nos já perdendo
o rumo da história em que iludidos persistimos
e na esconsa representação que fizemos
das personagens que então sonhamos
projectamos o mundo que quisemos
deixando para trás a realidade que abandonamos
mas os gestos suspensos no tempo
que nos marcava a ilusão de eternidade
deixou-nos nas mãos o contratempo
de uma perene e dura saudade
tudo agora desaba no caos da normalidade
lentamente
apreendemos a semântica de um sonho que acabou
e o significado do que foi a nossa verdade
encerra-se nesse dicionário que o tempo fechou
somos ambos filhos de um deus ausente
anjos caídos em desgraça
pretérita caligrafia escrita no presente
num cruel verbo que de abandono nos abraça
resta-nos agora os olhares fugidios
que se cruzam em mal contidos embaraços
e fazemos segredo dos nossos dias vazios
embrulhando vacuidades com espalhafatosos laços
leal maria
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário