… e do passado toda essa lonjura,
que o tempo nos vai esbatendo da memória;
parece eterna a ausência de ternura,
olha-se e vê-se sempre a meio o cumprir da história…
por muitos que sejam os corpos fazendo um país,
derrubados nos gritos com que se faz a fúria de matar;
cravam-se nos sonhos a âncora do ser feliz,
procura-se justificar tanta ânsia na necessidade do criar.
mas tu,
Homem esquecido dos livros que perpetuam o futuro;
és quem trazes cerrada a tua mão numa espada.
e as razões que te deram foi o semblante duro,
dum soberano que a quem incomodas como o pó da estrada.
de nada te proveram senão leis que te espartilham…
aos teus filhos até os deixaram morrer de fome!
nessas brilhantes sedas onde reluzentes definham,
toda a glória tomam e toda a culpa lhes some.
mas eis que eu te digo: Não tem que ser assim!
porque dás o quinhão maior ao inepto general?
a estrada que te mandaram caminhar não tem fim;
e outros a continuarão quando sobre ti vier o final.
pára então na berma e faz uma casa para te abrigares!
muralha-a vigorosa como uma praça forte!
que se as violências te impelirem de novo a matares,
sempre será tua a luta onde encontrarás a morte.
e quando o teu corpo pedir um outro caminho,
faz-te de novo ao mundo sob um céu que é teu.
que os teus passos sejam firmes mesmo caminhando sozinho,
e nada esperes do que um antigo deus te prometeu.
caminha alheio às suas belas e encantatórias canções
tão cheias de ornatos incisivos e enganosos.
e ainda que vejas em sentido contrário ao teu as multidões,
lembra-te que a liberdades tem os sons mais melodiosos.
que se guerreiem entre si em jogos de salão
e engordem nas iguarias em que se lambuzam…
que não será com o teu punhal que outros corpos abrirão
não dês mais o teu aval aos desmandos que no futuro produzam…
Sê tudo e ao ser tudo sê nada!
apenas e somente faz-te senhor da vontade!
que tudo é nosso mas no fundo no fundo não temos nada…
a não ser a nossa mais intrínseca liberdade!
leal maria
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