domingo, 28 de dezembro de 2008

meu país... desenhador do mundo

sob uma fria e impessoal lápide
a alma do meu país vai ali jazendo
inspirado por magnifica Tágide (1)
sobre ela estes versos vou escrevendo

veio desse Tejo espelho d´águas
trazer-me à memória o murmurar das caravelas
onde a força da vontade vencia as mágoas
e Portugal conquistava o horizonte guiado pelas estrelas

hoje… prestamos a bárbaras línguas vassalagens
deixamo-nos seduzir pela mediocridade
fazemos da porcaria d´outros fartas pastagens
e esquecemos o quanto de nós era curiosidade

mas um fado se ouve lá ao longe
na voz sussurrante da pátria já esquecida
como uma reza de um devoto monge
que teima em pedir a deus que lázaro regresse à vida

traz a lusitana quimera na melodia
guarnecida com a cota da esperança
onde o futuro se reveste com a rima da poesia
e da vanguarda nos fazemos a principal lança

ao sonho… ao sonho meus senhores!!
desbravaremos o denso nevoeiro à nossa frente…
em nome de quem quiseres… ou dos vossos amores
que coração que não dói também não sente

teimemos afoitos na descoberta das coisas
forcemos o porvir da história
português; que seja dura pedra onde a cabeça poisas
porque tu sempre foste o criador da memória

nada nos aprisionou nas terras firmes
arriscamos dar o passo que nos tirou da escuridão
porque não sermos agora igualmente sublimes
se temos as coordenadas tatuadas na nossa ilusão

dilatamo-nos num país de tantas cidades
pelo bravio mar, sob céus tenebrosos de tanto negrume
por mor esforço das nossas lusitanas vontades
conquista-mos o forte couraçado em alto cume

porque agora deveria ser diferente
porque soçobraríamos perante o plano inclinado que é o mundo
nem fracos reis nos farão deixar de ser forte gente
nem o mundo nos encerrará o seu segredo mais profundo

ao sonho… ao sonho meus senhores!!
desbravaremos o denso nevoeiro à nossa frente…
em nome de quem quiseres… ou dos vossos amores
que coração que não dói também não sente


(1) Tágide: Ninfa do Tejo


leal maria

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