sábado, 15 de novembro de 2008

o ensurdecedor silêncio do que fica por dizer...

eram ainda tantas as coisas
que havia a dizer...
nas palavras que no silêncio amordaçamos.
mas no sonho,
que quis o acaso que houvera-mos de ter,
traímos o juramento em que nos empenhamos.

juntos; percorremos caminhos
que outros tão cobardemente abandonaram…
mas no fim,
achamo-nos tão sozinhos,
que já nem a nós próprios
os sonhos se justificaram.

mas que raio…!
afinal, tivemos na mão a vontade,
com que num imenso querer,
segurávamos o mundo.
fizemos aos repelões
fragmentos da ideal cidade;
entre os corpos sentidos,
num improvável amor profundo.

mas o teu corpo amansou
nesses mimos a que te deste.
definhou na doçura
das coisas dadas de mão beijada.
e eu deixei-me embalar,
por esse suave canto que me fizeste;
fazendo do irrisório,
coisa por mim muito desejada.

mas isso agora acabou!
ouço já os novos cantos que me chamam!
e nesse lugar para onde agora vou,
há dialécticas que a alma me inflamam!

deixo-te aí…
nessa prisão em que te meteste.
nesse deserto…
por entre frases tão vazias de conteúdo
porque da loucura que me prometeste
somente me resta a poeira de um sentir miúdo

mas não chores… nada lamentes!
há sempre um fim,
que impaciente, esperava um começo.
não sei o que hoje deveras sentes!
mas do teu corpo à minha palavra,
vai uma distância que de todo desconheço...



leal maria

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