no teu olhar há uma interrogação
sobre a natureza das coisas onde te perdeste
olhas
vês disforme a sombra que te desenha no chão
e tens consciência que nela te reconheceste
numa súplica desesperada,
procuras agarrar a esperança que há muito te fugiu
e a vida adiada
nega-te o futuro que a poucos permitiu
recusa essa mortalha de desespero
vem
segue-me como antes
vou em busca do que quero
a vida,
é-me eterna nos seus breves instantes
olha mais adiante
olha p´ra lá daquilo que te querem deixar ver
cerra os punhos
que viver de cócoras é a pior forma de se morrer
quantos semblantes por ti se emudeceram?
que dores se aumentaram com a tua tristeza?
nenhumas lágrimas por ti se enterneceram
pouco lhes importa a tua sensível natureza
tira do rosto o que em teu coração se sente
dissimula no olhar essa ânsia que te consome
somente nos reconhecerão
quando lhes ferrarmos o dente
nas suas carnes golpeadas é que nos descobrirão o nome
leal maria
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