sábado, 22 de setembro de 2012

cósmica imensidão de ínfima parte de mim


etérea natureza
ténue  luz  na memória coalhada
dolorosa certeza:
mudo é o grito da vontade frustrada
e covardia
não ter cumprido promessa que então  fazia
ao lábio que sorria
não ter permitido o desejo
atenuasse o cio pelo beijo

etérea natureza do esgrimir palavras
tentando a custo encontrar-lhes o ritmo certo
embrenhar-me nas mais complexas lavras
p´ra que na alma não me magoe mais este aperto

alma minha de consolo desejosa
nada profetizava  este vazio que em ti sobrevive
nada há que fazer se possa
alma de um quase nada
de ser quase, moribunda vive

e como decidir qual o lado
em que a luta me merece o trabalho mercenário
se tudo foi às sortes jogado
e mesmo assim não arrisquei o necessário

desta dor sei em detalhe a fisionomia
límpida imagem das dores que voluntariamente procuro
masoquismo metamorfoseado em poesia
dando corpo a afectos que na realidade descuro

obscura amálgama de emoções
tortuoso caminho feito a sorrir e verdadeiramente feliz
bater dessincronizado do meu com outros corações
opressiva liberdade tornando-me apátrida…
sem que me prenda nenhuma raiz

mas há um porto em que sonho aportar…
motiva esta deriva em que navego
a barbara circunstância de cada vez mais me afastar
testemunha ser o desenho do teu rosto o azimute onde no sonho me aconchego   




leal maria 

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