segunda-feira, 23 de agosto de 2010

crónica da impossibilidade de um possível amor


sabes? dá-me agora para a nostalgia.
sim;
vêm-me à memória aqueles nossos calmos passeios à beira mar.
mãos entrelaçadas; comentava-mos as fúrias que ele escondia…
a imensidão, essa; aprisionava-la no teu olhar.

e no campo;
as correrias que o teu largo e sincero sorriso tornavam instáveis…
como tão nítida, com a memória, agora te vejo.
coisas que me davas e não eram permutáveis.
a ternura do teu abraço lançava às feras o meu desejo.

as noites… lembras-te que as dizia-mos só nossas?
com que ímpetos nos oferecia-mos sem qualquer pudor...
de nada valem as realidades que apresentar-me possas,
se já nada influis neste meu amor.  

não; tu não o sabes e, provavelmente, nem o sonhas,
o quanto toda esta nostalgia te faz presente em mim.
que interessa os contrários argumentos que como obstáculo nesta minha saudade ponhas;
se no mais intimo de nós as coisas raramente têm um fim.

sim, é bom recordar esses momentos muito nossos.
ainda que me digas louco,
arrepio-me até aos ossos;
ao recordar-me que não quantificava-mos o amor em muito ou pouco .

sim, serei louco; alucinado; …
amo-te como nunca a outrem amei!
pouco importa ser nostalgia de momentos que nunca entre nós se tenham passado.
a minha realidade tem como substância o etéreo brilho que no teu olhar vislumbrei.


leal maria

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