sábado, 8 de maio de 2010

jogo viciado





consumida a parte de leão das horas do dia
há muito desvanecido
o adocicado cheiro a terra molhada
mergulho em palavras de anónima poesia
perfilo bastas legiões na alma
mais uma batalha em mim será travada

prenuncio de sangue flutuando no ar
não sangue de mortos
tombados por uma causa qualquer
uma efervescência de homem
vã intuito de procriar
antecipação  do prazer que irá desaguar em corpo de mulher

a noite
mãe adoptiva de todos os meus vícios
sublima-me pela ilicitude que neles há
habitando-a, aliviam-se-me todos os cilícios
metamorfoseio-me na boca de Eva que mordeu a maçã

aos vícios
fui beber todas as tácticas belicistas que concebi
e líder
 todo eu fui uma plêiade de embrutecidos
umas vezes derrotado, outras vitorioso
 vivi
tão para lá dos limites dos mais prosaicos sentidos

porque não faze-lo também esta noite?
na vanguarda do meu querer há metáforas amordaçadas
forma do tesão universal de todo o corpo onde me afoite
irei a jogo com o baralho de cartas já viciadas



leal  maria  

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