domingo, 2 de maio de 2010

Canção da vã demanda

procuras agora
tão para lá dos azimutes
onde te diziam ires encontrar
e por mais tentes
por mais que lutes
sentes que marcas passo
não sais do mesmo lugar

mas tudo à tua volta
se emprenha de uma natureza mutável
e na anarquia dos teus sentidos à solta
vais da mais pura fúria, à palavra mais amável

militaste em ideologias
que acabaram por te desiludir
amaste corpos
sem que lhes entendesses os dialectos da alma
segues o caminho que se te apresenta pela frente
e é como se estivesses a fugir
logo pela manhã prenuncias o ocaso
que tingirá de rubro a tarde soalheira e calma

sim; estás a entardecer
suavemente e sem convulsões
mas no antípodas de um maduro enternecer
antes um desencantado amputar de ilusões

a vida pode ser uma subtracção ou um acumular
só que recusas exercer o teu direito de opção
deixas-te simplesmente naufragar
no letárgico  fim de cada ilusão

ao tempo
não lograste dele fazer, uma metáfora suavizante
deixaste algo para trás e não sabes o quê
o teu manancial de sentidos esvai-se, sem rumo, a jusante
e nem te dás ao trabalho de saber porquê

perdeste-te em geografias de loucura
e é numa esconsa forma
que moldas os amores que te tributam
imune a qualquer censura
é sem o mínimo critério
que aceitas os afectos que contigo permutam

antevês os precipícios à tua frente
e mesmo assim não recuas
perante as indefinidas sensações que em ti se sente
recusas ver que a verdade
está para lá das mascaras… incrustada nas almas nuas

sim; estás a entardecer
suavemente e sem convulsões
mas no antípodas de um maduro enternecer
antes um desencantado amputar de ilusões

a vida pode ser uma subtracção ou um acumular
só que recusas exercer o teu direito de opção
deixas-te simplesmente naufragar
no letárgico  fim de cada ilusão


leal maria

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