sábado, 14 de novembro de 2009

individualismo

vejo-os irem
massa compacta em convicção absoluta
jurando-se de uma lealdade a toda a prova
não é esse o meu lado da luta
castrar-me-iam a curiosidade
que permanentemente em mim se renova

assediam-me com falsos brilhos
refulgentes
mas são outros os meus trilhos
egoísta
recuso contribuir para a dialéctica entre essa miríade de mentes

não avalizarei credos que outros têm
vãs glórias são os grande feitos por ser tanta a podridão que lhes houve
aliados não me convêm
sou submisso a uma razão que mais nenhuma razão ouve

às ideias que a tantos irmanaram
nenhuma tentação lhes encontrei
aos deuses que adoraram
não lhes fiz nenhuma libação
aos que querem saber para onde vou respondo que o não sei
tão pouco obedeço ao coração

insubmisso
vou sempre contra a corrente
ainda que ela
eventualmente
possa correr para o lado certo
sigo o rumo contrário ao de toda a gente
viro as costas ao oásis e tomo o caminho do deserto

nada me move a não ser a contradição
não gosto que me indiquem o caminho
recuso quem me estende a mão
é de uma só casta que faço o meu vinho

aliciam-me para que com eles eu vá
em doces palavras
mas digo-lhes adeus
acenando-lhes na sobranceria das minhas loucuras
são outras as minhas lavras
semeio uma miscelânea de ódios; indiferenças e ternuras

resisto
resisto até aos meus próprios desejos
e não desisto
enquanto a definitiva derrota não me violentar com os seus frios beijos



leal maria

1 comentário:

utopia das palavras disse...

Retrato de um insubmisso que seguindo o sentido do deserto, procura como todos os mortais a possibilidade de encontar outro oásis (o seu)!

Dir-te-ei que este poema é um desafio do contrário, que eu um dia escreverei!

Beijo