sábado, 7 de novembro de 2009

Onírica soberania





fossem os sonhos soberanos
e erguer-me-ia de cada corpo
renascido
emergindo triunfante de todos os abismos em que me embrenhasse
sem que por nada fosse possuído
somente refém das memórias dos sentidos com que amasse

fossem os sonhos soberanos
e o meu país albergaria os lugares onde todos os desejos nasceriam
teria sua geografia a suave forma da ternura que se adivinha num abraço
as incertezas então seriam
diáfanas luzes preenchendo o que de vazio houvesse no meu espaço

fossem os sonhos soberanos
e bastar-me-ia um olhar para que tudo se dissesse
estenderia minha mão e a aceitariam sem constrangimentos
seria o mundo uma síntese do que eu quisesse
fluir-me-iam sem barreiras os sentimentos

fossem os sonhos soberanos
olharia em redor e vislumbraria múltiplas saídas
em aberto todas as possibilidades
um fruir ubíquo da vida em muitas mais vidas
ausentes somente as saudades

seja-me então o sonho soberano
erga-me do teu corpo renascido
emirja triunfante de todo o abismo em que me embrenhe
somente possuído
pela memória do sentido de que por ti ando há muito prenhe

sejam-me então o sonho soberano
faça de mim o país onde todos os desejos nascerão
e suave a sua geografia
como a prometida carícia exposta na tua impoluta mão

profusas e diáfanas luzes da poesia
me preencham a barbara alma
seja-me cada manhã uma incerteza
e somente me aquiete lá pela tarde calma
embriagado no perfume da tua humana natureza


leal maria

1 comentário:

utopia das palavras disse...

"fossem os sonhos soberanos
e bastar-me-ia um olhar para que tudo se dissesse"

Uma tela pungente da profundidade das palavras simples...que dizem um poema!

Que mais te posso dizer? Que gostei? É pouco...!

Beijo