quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Unam-se as mãos que o tempo separou à nascença

Quem dera a noite mais escura,
em que a meio acordasse;
agarrasse a tua mão e sentisse a ternura,
sem que nada mais importasse.

Quem dera não haver um amanhã,
se tu aqui estivesses.
Para que o tempo não te amputasse de mim demasiado.
Teria o espaço entre nós
a arquitectura que quisesses…
Obliquo seria o mundo perante os nossos corpos lado a lado.

Nos pontos de intersecção entre ti e os meus sonhos,
haveria paralelismos a pender para o infinito.
E aqueles pequenos nadas,
de que se fazem os rostos risonhos;
porque é essa eternidade em que eu acredito.

Quem dera a suavidade do teu seio
e o calor do teu regaço.
Afastar-te as pernas e encaixar a minha virilidade no seu meio,
amortalhar toda a tua inquietude no meu abraço…

Quem dera ouvir-te sussurrantes gemidos,
no indecifrável linguajar
que falam os sentidos dos corpos quando gritam.
Fazer em teu favor a penhora de todos os paraísos prometidos
e emprenhar-te de todos aqueles deuses em que tantos acreditam

Quem dera eu alternar em ti a violência e a suavidade,
nos interstícios dos meus ímpetos de macho.
Profanar esse harmonioso desenho da tua mocidade
e encontrar sempre renovadas as quimeras que nele acho.

Quem dera ser-mos o granito que alicerça um alto monte,
para que resistíssemos à erosão da passagem dos dias.
Ou frescas águas a brotar de uma fonte,
que de novo alento saciaria os viajantes para as suas travessias.

Unidos assim, seriamos mais do quanto somos?
Ou multiplicados na subtracção das distâncias;
seria-mos, no fundo, os mesmos que sempre fomos:
insaciados nos sentidos e na alma todas as ânsias !?


leal maria

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