sexta-feira, 11 de setembro de 2009

porno grafia

A noite está quente e há luar.
Dizem que noites assim dão bons poemas.
Eu, que não sou de verve fácil;
para fazer poesia, deito mão a quaisquer esquemas.

Pensei em a aproveitar para dizer qualquer coisa
a respeito desses teus olhos que andam sempre a brilhar...
Mas cá fora é cada bicho alado que em mim poisa,
Que melhor é pôr-me a andar.

Aqui,
recolhido no conforto desta sala razoavelmente bem decorada,
tento dar persecução ao que me propus.
Vêm-me palavras à mente
que invariavelmente começam com um: “minha amada…”
Mas tudo o que me preenche o ânimo é estes corpos nus.

Corpos nus transbordando uma libido latente.
olhares travestidos num lânguido convite.
Arrepio que à flor da pele se sente...
Meu corpo dando sinal de si sem que nada o evite.

Mas queria fazer-te um poema de amor.
Para isso fui acordar palavras adormecidas.
Que numa bela metáfora desenhassem numa outra cor,
o teu harmonioso corpo a quem todas as vénias são merecidas.

Esta tumefacção entre pernas é que não me deixa!
Pudera eu libertar-me deste abismo orgíaco em que me embrenhei.
Não sabes quão poderosa arma é um peito e rabo generoso num corpo disfarçado de gueixa…
Olvida-se-me de todo o amor que por ti emprenhei.

Quisera o amor no corpo entranhado.
Tomasse posse da minha fisiologia a tua lembrança.
Desejar-te e não me sentir como se tivesse o teu espírito profanado;
dançar-mos juntos o absoluto de uma erótica dança.

Amo-te porque te pus num pedestal.
Prostro-me a adorar-te como se adora um deus.
Não que isso por si só seja um grande mal…
Mas meu tesão não o provoca os belos seios que são os teus!

Minha alma fornica contigo na efemeridade das poesias.
Etéreos prazeres que muito inquietam e pouco consolam.
Mas são outros os desejos que me tomam de assalto os dias…
outros os corpos que em promiscuidades o meu imolam


leal maria

Sem comentários: