sexta-feira, 11 de setembro de 2009

variações divagatórias para um desesperado

que pretendes nessa fuga para onde vais?
se calhar o porteiro nem te deixará entrar…
sem companhia será difícil!
ao menos aborda alguém antes de lá chegares.
podes até fazer promessas de amares…
nunca se sabe se não será outra alma cansada de solidão
e nessa circunstância te dê sem hesitar a mão.
sei lá... talvez peça que lhe pagues um vodka com laranja.
mesmo que não tenhas dinheiro suficiente, na altura alguma coisa se arranja!

em todo caso, melhor é embrenhares-te no abismo com companhia.
podeis até dissertar acerca da vã glória da poesia.
e quem sabe, a conversa não venha a resvalar para o sexo...
afinal, os grandes encontros começam com monossílabos sem nexo!

que pretendes nessa fuga para onde vais?
órfão de ti, sentes-te como se tivesses perdido os pais.
absorto, são-te inócuas as minhas palavras.
batem na tua indiferença e caem por terra...
posso até jurar que dentro de ti vêm sons de guerra!
uma guerra sem trégua e fratricida.
não matarás porque não és de natureza homicida!
tudo o que queres é encontrar-te no preciso ponto onde te perdeste...
onde te faltou o chão e julgas-te que morreste.
mas procuras-te e em tudo te desencontras…
a loucura até já te faz ver promessas de amor nos olhares desprovidos de vida dos manequins das montras!

que julgas encontrar quando não houver mais possibilidade de fugida?
duas opções são postas à tua disposição:
o absoluto nada de uma morte fingida,
ou levantar-te e cingir firme o gládio na mão.

mas nada tenho com isso!
é-me fácil dos problemas alheios manter-me omisso.
o mundo será sempre o que foi:
algo a que nos agarramos mesmo quando dói!
ciosos da nossa mesquinhice...
esquecidos do que outrora fora-mos antes de sermos o que agora somos.
despreocupada meninice...
o principio do caminho que tomamos mas cujo ao seu final nunca fomos;
porque entretanto alguém nos abordou
e, no meio da conversa, esquecemos a original intenção e o sonho abortou.

mas que estou eu para aqui a dizer?
já me apetece ir nessa fuga que fizeste tua!
oposto a nós vem, solitária, uma mulher,
deixa-a para mim, a ver se esta noite ainda a ponho nua...
quem sabe não tenho sorte com esta luz reflectida pela lua;
que até me faz mais favorecido;
eu até sou bem parecido...
e forte como um touro!
e na cama alguém já me confidenciou ser a minha arte ouro!
nem sabia o que queria ela dizer com isso.
mas também não é preciso!
podemos sempre optar por ouvir o que somente nos enobrece...
palavras há que, aos as ouvirmos, nos apodrece.
e um bocadinho hoje e outro amanhã,
far-nos-á cadáveres e cumprir-se-á o que prometeu Jeová:
que os descendentes de Eva morrerão por ela ter trincado a maçã!
a Eva que (vi numa gravura) até era uma cachopa jeitosa,
(bem sei que não se deve falar assim de uma mãe, mas sou ateu)
fez o Adão de morcão com o seu jeito de dengosa.
e com isso foi expulso do paraíso que deus outrora lhe prometeu.

mas deixemos isso por agora,
e vamos-nos embora
rejeitastes estes espaços e levaste-me a fazer o mesmo...
quando me embrenho em algo levo tudo a esmo!
inclusive a morte!
só ainda não a logrei agarrar porque ela anda com sorte…
fui à guerra a ver se lhe sentia o gosto,
só tive pena de estar fora do país no mês de Agosto.
por causa das miúdas giras em bikini na praia.
mas em Sarajevo há também cada catraia!
e digo-te ponto por ponto
em nenhuma me pus a troco de algum conto.
comigo só há permutas de corpos e sentidos.
senão tivera eu muito mais que os já tidos;
e com o euro estaria na ruína!
para mais com esta gripe suína…
ou é das galinhas?
más furtunas as minhas...
já não sei a quantas ando!
no fundo, já vou a teu mando…
mas à superfície sou ainda eu, porque me chamei e a mim me respondi.
só os lugares por onde andamos ainda não os reconheci.
por certo perdemo-nos no desespero...
o objectivo que levamos tu o sabes, não sabes!? Eu espero…
aaah! pouco me importa!
era a coisa já torta!
e eu que comecei por te falar,
com o intuito de à perdição te resgatar…
estou à deriva de tanto divagar.
aaah… já me lembro!
para onde vais? Foges de alguém ou algo?
em todo caso o destino não é mais que a aleatoriedade das sortes.
nada do mundo esperar só nos faz ainda mais fortes…
imunes até à desesperança!
Importante é o caminho porque o objectivo nunca plenamente se alcança.




leal maria

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