domingo, 30 de agosto de 2009

Inferno

Poema inspirado nesta execução da Associação Musical Amigos da Branca (ARMAB ALBERGARIA-A-VELHA) e a quem o dedico:



gutural garganta
que do abismo faz emergir
as furibundas vozes dos deuses já perecidos
perfilando-os
para a batalha que se ouve rugir
ante os medos
daqueles que em sacrifício vão ser oferecidos

rufa o tambor o seu prenuncio de morte
e os corpos
retesam-se em convocação das fúrias
lestos demónios
vão espalhando a má sorte
semeando no campo de batalha as suas acções mais espúrias

antecipam-se gritos de vitória
promete-se basta sementeira de silêncios e dor
em sangue se escreverá também esta história
colorir-se-á o solo com a sua cor

e nos dentes cerrados do homem
a quem amputaram aos olhos e ao entendimento a claridade
há holocaustos que o consomem
e neles se imolará por uma falsa verdade

choram homens choram mulheres e choram crianças
órfãos todos de algo que não sabem o que é
agarrados aos enganos das falsas esperanças
persistem no engano de quem lhes exigiu fé

já há deuses apeados do seu pedestal
ladeados cada um com o seu quinhão de corpos caídos
amputados da sua divindade
sobra-lhes o mal
recusam a liturgia dos vencidos


dos paraísos que prometeram
somente lhes vislumbra-mos o inferno
para isso nasceram
que pela carne retalhada habitassem o eterno



leal maria

1 comentário:

Anónimo disse...

:\ não, por agora não vou.
Ah, também passaste uma semana no sul?
Eu bem quero, sabes... mas isso não é como dizes. Não sei se será um salvo-conduto. Como podes ter tanta certeza? é tudo tão incerto, não faço a mínima ideia do que será de mim :(
E …nada é suficiente para o Leonard.. Oh sim!