domingo, 30 de agosto de 2009

Poema x...

foi tanto o que esperei
agora não sei amar-te senão na ausência
recordo as horas
em que sôfrego
teu nome chamei
ó amarga consequência

como agora me dói
cada letra com que te pronuncio o nome
um nada assim tão leve
que por dentro me rói
e no mesmo instante se some

etérea imagem
onde em vão
tento tactear a forma que te dá a minha memória
mas é outra a margem
outro lado do rio
que não me ouvirá grito de vitória

perdi-te nesse desejo
não houve um equinócio entre o teu lábio e o meu beijo
são minhas as mãos transidas
numa promiscuidade de fúria e paz
quimeras vencidas
sepultadas na cósmica poeira que me faz

ouve
apenas o silêncio
dá testemunho de que aqui estiveste
ficaram-me matéria de sonhos todos os gestos que fizeste
cada sorriso nascido à revelia da timidez e embaraço
cada desejo amordaçado de um abraço

os dias vão-me agora caindo um por um
numa inexorável soma de pequenos esquecimentos
talvez, quem sabe, um dia
do sentimento não sobre nenhum
e só sobreviva o eco destes meus lamentos

hoje amo-te porque não estás aqui
e os impulsos do meu corpo não te profanam
mas essa luz do teu olhar que outrora vi
ainda subsiste às escuridões desses limbos que de mim emanam




leal maria

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