foi tanto o que esperei
agora não sei amar-te senão na ausência
recordo as horas
em que sôfrego
teu nome chamei
ó amarga consequência
como agora me dói
cada letra com que te pronuncio o nome
um nada assim tão leve
que por dentro me rói
e no mesmo instante se some
etérea imagem
onde em vão
tento tactear a forma que te dá a minha memória
mas é outra a margem
outro lado do rio
que não me ouvirá grito de vitória
perdi-te nesse desejo
não houve um equinócio entre o teu lábio e o meu beijo
são minhas as mãos transidas
numa promiscuidade de fúria e paz
quimeras vencidas
sepultadas na cósmica poeira que me faz
ouve
apenas o silêncio
dá testemunho de que aqui estiveste
ficaram-me matéria de sonhos todos os gestos que fizeste
cada sorriso nascido à revelia da timidez e embaraço
cada desejo amordaçado de um abraço
os dias vão-me agora caindo um por um
numa inexorável soma de pequenos esquecimentos
talvez, quem sabe, um dia
do sentimento não sobre nenhum
e só sobreviva o eco destes meus lamentos
hoje amo-te porque não estás aqui
e os impulsos do meu corpo não te profanam
mas essa luz do teu olhar que outrora vi
ainda subsiste às escuridões desses limbos que de mim emanam
leal maria
domingo, 30 de agosto de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário