sábado, 18 de julho de 2009

tocam a finados os sinos de minha alma

o triste nem sequer é o não estares aqui…
nunca está ausente quem nunca chegou!
triste é ver que o amor que te tinha, hoje não o senti;
porque o diluí na desesperança e ele se evaporou.

triste é a gente ser senhor do sentimento,
ordenar e o ver obedecer.
eclipsa-se toda a magia do momento,
que houve no amor ao nascer!

sim! sou senhor do que sinto em meu peito!
e por isso matei a quimera que em mim te tornas-te!
mas fiz-lhe um funeral de preito;
somente omisso ficou no epitáfio se também me amas-te.

não porque censurasse tal inscrição!
tudo me é indiferente depois de lhe dar morte!
mas porque nunca a minha mão,
soube indicar ao teu corpo a direcção do seu norte!

perdi-te ainda antes de te encontrar!
somente te soube pelos passos que ouvia atrás de mim…
mesmo assim decidi que te iria amar;
tão simples como agora decido dar a esse amor fim.

são já, estas palavras, resquícios da tua memória;
que agora, por minha vontade, se vai desvanecendo.
fica assim, findo, um sentir sem história;
e um desejo, que impávido e sereno, vai morrendo.

vou agora ali à procura não sei de quê...
mas no meio da multidão, não quero ver o teu rosto!
que por muita que seja a vontade que em mim se vê;
o sentir tem as subtilezas de um frágil e refinado mosto.

aliás, até podes aparecer, que nunca te amei pela fisionomia…
um amor como o meu nunca a nenhuma forma se moldará!
adapta-se à volatilidade das almas onde presente poesia;
e não será pela beleza simétrica de um traço que a mim retornará!

mas se me vires e reconheceres,
não me chames e nem baixinho me prenuncies o nome!
que almas há que são amputações de outros seres;
e eu não sei que alimento à minha lhe sacia a fome!


leal maria

1 comentário:

utopia das palavras disse...

Mais uma vez uma "fortaleza" para comentar, amigo!Sempre belos e desconcertantes os teus poemas!

Não existe tristeza em ser-se dono do sentimento, em sua posse podemos sempre partilhá-lo, entrega-lo quiçá! Não se partilha algo que não se tem!

*Desculpa não responder aos comentários feitos no meu penúltimo post, mas é manifesta a minha falta de tempo. No entanto leio-te e vejo que me descobres quase a alma, não sendo todos os meus poemas forçosamente autobiográficos, são na sua essência os meus cantares de afectos da alma e do corpo,da convicção com que sinto a vida e a amo, são sim, como tu referes, palavras que me denunciam...a toda a hora!
:) Loooool (também gosto desta palavra)