sábado, 13 de junho de 2009

a flor caiu às águas e levantou tempestades

nas palavras que dizias escondias o que te ia na alma
mas o que querias dizer ouvia-o eu perfeitamente
que nessas tardes ainda que reinasse uma enganadora calma
sentia o meu e o teu tempo numa promiscuidade intermitente

nunca nenhum alarido fizeste
ainda que te embargasse a voz tudo aquilo que não disseste
olhavas-me como se não houvera passado
e só existiriam amanhãs
mais do que corpos que se amam sem nunca se haverem amado
havia em nós a inconsciência de serem as esperanças tão vãs

era quando em ânsias corrias estrada acima
e num desespero mal contido
a ilusão tomava conta de todos os teus pensamentos
ao ver-te assim ficava eu tão comovido
porque em nós eram outros os dialectos dos sentimentos

recordo o descompasso do bater do meu coração
e queria tanto que essas horas fossem eternas
ainda que doesse aquele amputar dos gestos que me nasciam na mão
havia-te no olhar as carícias mais ternas

agora tudo passou e em ti nada sei do que resta de mim
poder-te-ia até dizer que não penso muito nisso
mas não é verdade porque as coisas são mesmo assim
e são tantas as perguntas que de respostas me mantêm omisso

mas já não quero saber dos amores que amaste ou que amas
é-me indiferente o caminho que agora segues
se não é por mim que nas profundezas dos teus sonhos chamas
pouco me importa quais os sonhos que persegues

porque o meu amor tem como segundo nome o egoísmo
e é ao corpo e à alma que exijo o meu tributo
meu reino não é deste mundo mas daquele com que sempre cismo
e nele é o mais absoluto de mim que permuto

mas vai à tua vida e sê feliz conforme te aprouver
que eu por aqui fico a dar definitiva morte a este meu querer

porque agora que te foste embora
os lugares de sempre já não são os mesmos de antes
já nada de ti em mim se demora
e servo me fiz dos imediatos instantes

e o tempo
esse
continua o que sempre foi e o que sempre irá ser
uma fronteira entre o querer e o poder

maldito
não lhe bastando matar-me o sonho traz-me também a dor
e levanta as tempestades ao deixar cair na água a flor






leal maria

1 comentário:

Anónimo disse...

qual foi o comentário? eu não me lembro de ter rejeitado nenhum?
É bom estar "de volta" :)

Desculpa-me a ausência!

Eu não entendi por que deixaste aquela frase da flor :\ e este poema que agora fizeste baseado nela...que se passa?