quinta-feira, 11 de junho de 2009

vazio

que nada é este que agora me faz tão vazio?
em vão tento arrancar um suspiro; uma tristeza;… e nada!
corre dentro de mim a placidez calma de um pequeno rio…
navega minha alma no fluido caminhar d´aguas de uma jangada.

que é feito daqueles dias em que tudo era-me tormenta?
para onde se ausentou a ausência que em mim morava?
nada sou se apenas me habita esta dolência que tanto me tenta!
só me reconheço naquele que de mim ansiava o que não chegava!

não sou eu este que aqui no meu corpo vai impassível!
não poderia nunca estar feliz só porque o sol brilha!
que o que de mim conheço almeja o impossível
e não se satisfaz nos caminhos que um outro passo já trilha.

eu quero a frase que cria o medo!
eu quero o verbo que confessa a inconveniência!
eu quero ser o invólucro do inviolável segredo!
eu quero a alma e o corpo ígneos de impaciência!

que brotem lágrimas onde não as tenho
e os sentidos me refulgem de rubro sentimento!
a escuridão reine nos lugares de onde eu venho,
para que veja em almejada luz o fim de um tormento!

assim não sei quem sou; quem fui; ou quem serei!
nada me apoquenta, nada me traz em cuidados…
não sou senhor nem tento a megalomania de ser de tudo rei;
e quase perdoo os corpos que por mim não foram fornicados.

porque me consola esta fraca vontade
de apenas ter um corpo onde aliviar o tesão?
não se guerreiam em mim a mentira e a verdade
e trago de suaves carícias, grávida a minha mão.

quero de volta minha alma insubmissa
e a voz embargando-se-me pela falta que alguém me faz!
ir ao jogo sem qualquer tipo de premissa
e a inquietação que a antecipação já não me traz!

não quero mais esta mórbida monotonia
que é um bárbaro sentido que se vai desvanecendo!
definha tudo o que em mim é poesia;
anunciando que a resignação vai-me vencendo…



leal maria

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