domingo, 21 de junho de 2009

esquece por momentos a linha do horizonte

esquece por momentos a linha do horizonte
também as superfície das águas
profundidades onde muito há para que agora te o conte
podíamos acordar os que lá estão com suas mágoas

olha o ponto infinito 

onde está a essência de todo o sonho
deixa atrair-te para o seu abismo
flutua por cima de tudo aquilo que em ti é um sentir medonho
não te seja a alma assolada por nenhum cismo

por breves momentos, quero que sejas só tu
despida de toda essas inquietações que te afligem
a alma quieta e o corpo puro e nu
oferecido às musas da poesia e às loucuras da vertigem

e assim, de tudo despojada e frágil
os demónios darão largas à sua luxúria em orgíaco festim
deixemo-los abraçarem-te com o seu abraço ágil
para que  possas ser resgatada por mim

estender-me-ás então a mão
convidando-me a que te a segure entre as minhas
e levar-me-ás contigo
para que também eu sonhe os sonhos que de novo sonharás
então ser-me-ão endireitadas todas as linhas
e serei a folha em branco onde novas histórias escreverás

o vento virá e dará nosso testemunho em verdade
acariciar-te-á os cabelos
desenhando neles um esboço do impossível futuro
antes da tua partida eras já  em mim saudade
couraçado com os teus sonhos derrubarei todo o inexpugnável muro

ouvir-te-ei então cantar a derradeira canção de amor
onde te ancorarás em natural matrimónio ao mar
o mundo travestir-se-á com a sua original cor
e em todas as ondas se fará ouvir o novo nome com que te irão baptizar

chamar-te-ás Nada porque és tudo o que de belo existe
e só o vazio pode albergar o tanto que em ti é tanto
todo o sentir que farás germinar estará para lá do alegre ou triste
nele reconhecer-te-emos por ser-nos maior o espanto

esse será o tempo em que de ti me apartarei
porque já não fará sentido habitar os teus mundos
de novo ao meus originais trilhos regressarei
onde são ínfimos, infinitos e paradoxais os seus segundos

nas noites subsequentes a esse instante
olharei estrelas para nelas reconhecer o teu delicado traço
ali ficarei sem dar um só passo adiante
aconchegado que estarei a sonhar o mesmo sonho onde agora te abraço


leal maria

2 comentários:

Anónimo disse...

:) nem acredito... obrigada... a sério. O poema está muito bonito...
mas não me acho merecedora disso que dizes!!

Beijinhos e Boas Férias também para ti! Se sei nadar? Adorooo nadar... adoro mergulhar e poder deslizar pela pureza do mar :)

utopia das palavras disse...

Maravilhoso...e mais não digo!

Encantar-me-ei sendo tu oasis
saciando a folha moribunda
que se esgota na canícula
Encantar-me-ei por ventura
levada na mão-guia
até ao fim dessa linha
desenhada no horizonte!

Beijos ou abraços tanto faz

:)

(Ainda não tive um tempinho para responder às suas provocações lá no Utopia...mas procurarei encontrá-lo(o tempo,obvio)).