aquela ternura que no olhar trazia,
a possibilidade de toda a poesia.
onde está isso agora?
a vida empenhada num jogo de azar e sorte.
memória de uma feliz hora
secreta alquimia de quem fraco se fez forte
onde está que não vejo,
a fúria do desejo,
a luta pela vitória final
o bem em simbiose com o mal?
não sei!
de ambos desconheço o paradeiro.
perde-se a eficácia das qualidades que lhes atribuem…
já não os tenho por algo verdadeiro.
a parte maior já não se faz daquilo com que contribuem.
tudo se torna inócuo perante a lassidão,
que é suavidade de um braço que abdicou da violência!
infértil a mão
toma conta de nós a impaciência.
mas hoje trinquei o teu corpo com frenesim.
e assim, por mim degustada, gemias de prazer.
"não" "sim"
sentia-te desfalecer…
de quantos mais gemidos precisas,
para que te digas senhora do universo?
não sabes quais são as necessárias premissas
para se fazer uma ilusão de amor e um verso?
mas não é para isso que aqui estou!
aliás… muito de mim foi ali e não voltou…
deixou-se ficar noutro qualquer corpo que encontrou por acaso.
sei-o, porque sinto-me também naquele lugar quando por lá passo…
a outra parte julga-la contigo.
mas eu sei que ficou à beira de um rio,
cantando uma canção de amigo,
enquanto te espera nesta tarde de estio.
o melhor de ti não o dás facilmente...
chamam-te e fazes-te distraída
meu querer não é assim tão premente
por aqui fico com a vontade retraída.
esse que aí está não sou eu.
mas sim aquele que um outro eu te prometeu.
nem sei quem sou ou sequer quem fui.
chamar-me-ei Manuel; João ou Rui…
há até quem se diga leal maria.
nomes... apenas uma vestimenta gráfica.
pretensões esotéricas e de poesia,
a tentar encobrir a forma crua e pornográfica!
dar forma ao que sou?
a incoerência da alma como paradigma de estetas?
porque então tanto se usou.
flamejantes palavras retiradas a ferros d´outras almas circunspectas?
nada disso importa!
tudo é efémero e passará.
quando transpor a derradeira porta,
nenhuma parte dos que me fazem regressará.
entretanto, deixo-me por aqui ficar,
nesta minha ubiquidade.
revezando-me nos que te continuarão a amar,
povoando sempre uma e outra cidade…
leal maria
domingo, 28 de junho de 2009
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