e segui a direcção do teu olhar
mas não sei se fiquei para trás ou lhe passei adiante
porque não vi onde foi ele pousar
e perdi-te por nunca ter sabido do teu corpo ou o seu levante
podia existir o desejo de a ti regressar-me de alma desvirgem e sublime
como se fora Ulisses de volta a Ítaca ao filho e sua Penélope amada
deixar esta sede de imensidão que tanto me oprime
porque o vazio está à minha frente e o sonho é um tudo nada
mas quero renascer-me em ti e já não posso
tudo me prende aos lugares onde não estás nem eu estou
a terra nunca nos foi firme e o mar deixou de ser nosso
e se em deus nenhum acredito não diga a divindade que alguma vez me perdoou
de novo
levantar-se-me-ão os demónios que se desvaneceram quando pelas manhãs me nascias
cedo começarei a ouvir-lhes o ruminar a luz da tarde
os lugares serão de novo os lugares onde no antanho ainda não me existias
e a esmaecida memória mais frágil ficará por não ter onde te guarde
então sobre mim virá de novo a inquieta escuridão
quando tu nem eras quimera nem a tua forma por entre saudades a perdia
e anárquica ficará outra vez a carícia na minha mão
prostituindo-se em corpos secos de toda a poesia
diluir-te-ás no esquecimento do meu perpetuo voltar e ir embora
não serás este sentido que ainda me perdura
uma brisa preencherá de mais vazio o vazio da minha reflectiva hora
quando soçobrar ao desespero ansioso duma possível ternura
tudo em mim será de novo o nada sendo que nada é o que mais quero
nada ficará do que em mim foi tua sementeira
então deixará de haver a ausência de chegada no lugar onde te espero
e a solidão será a minha dilecta companheira
reinar-me-á uma paz nem que seja à força bruta
que o tudo mais é o resto de uma perpetua luta
leal maria
segunda-feira, 1 de junho de 2009
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