domingo, 7 de junho de 2009

aquela noite

foi aquela a noite
a mãe de todos os desejos
as emoções entoadas como solfejos
ó meu amor
que nunca estás onde a saudade ficou

em vão tentei arrancar-te do lábio
o inconfessável murmúrio
que subtraísse à esperança o verbo espúrio
porque o poema se fez
da palavra que em ti germinou

mas foste alma que se deu
com o corpo ausente
e assim tão de repente
do teu ventre julguei germinarem universos

por ti busquei o sonho
e ousei-o sonhar
tudo era um imenso desaguar
de silêncios e subtilezas
nos gestos nos olhares e nos versos

de tudo isso apenas me ficou
o corpo insaciado e traído
um sentir pelo qual nenhum de nós zelou
e jaz agora na vala comum de um sonho perdido

é na palavra que ficou por dizer
que se encerra o segredo maior
de todas as razões subjugadas a um querer
mas isso é apenas um pormenor

que a noite continua imensa
perdura ainda a ilusão do que de ti em mim se procurou
conquanto minha alma te pertença
a quimera só me subsiste no que nunca se encontrou


leal maria

1 comentário:

utopia das palavras disse...

O poema se fez noite, noite de ausências e todos as quimeras foram a subtileza dos teus dedos rasgando versos!

E eu...gostei deles (muito)!

Beijo