ouve… rompemos a densidade da escuridão!
sentes como eu os sussurros do amor que aí vem?
escuta-lhe os passos com que no silêncio pisa o chão…
atreves-te a perguntar-lhe quem é quem?
porque te ilude a suavidade com que se aproxima?
terás por ventura, a vã ilusão da sua boa intenção?
vejo-te inebriada nos efémeros elogios com que te sublima…
doces e belas palavras amolecendo-te o coração!
aaaaah!
perdoa… não te acompanho nesse teu engano!
ainda que tenha já crispados nas tuas carnes, os dedos…
mas neste leito em lençóis de bom pano
não logrei descobrir-te ainda todos os segredos.
nada ficará deste lugar a que agora chamamos de nosso!
estamos cercados e acabaremos por soçobrar!
entre mim e tu persiste o imenso fosso
que é esta ânsia de sermos perfeitos a amar!
tudo nos impele para o precipício!
temo-nos um ao outro e um do outro nos alimentamos…
damo-nos como se fora um sagrado sacrifício
em demanda de uma divindade que no corpo buscamos .
mas castraram-nos desse Olimpo que nos foi prometido!
somos clandestinos no ventre que nos pariu!
deuses despojados de tudo o que nos dava sentido …
as dores de parto de uma virgem que ao coito fugiu!
ouve… contenta-te com a carne e o seu sabor!
enlaça-me no permeio das tuas pernas e deixa-me entrar em ti
não pronuncies palavras com a entoação do amor…
e traz-me de volta… dessa tua ilusão onde já me perdi!
leal maria
domingo, 10 de maio de 2009
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