segunda-feira, 11 de maio de 2009

pouco mais que um sonho...

pouco mais que um sonho é o que tu me és agora
algo difuso e vago
como uma recordação de alguém que há muito se foi embora
ou aquela sensação que nos fica depois de um terno afago

sei-te sem nada de ti conhecer
porque naqueles dias me bastava amar-te
havia o deslumbre do improvável renascer
e a desesperada ânsia de encontrar-te

mas hoje nem me és passado nem me és presente
tenho-te em mim e não sei o lugar que me ocupas
somente te substancia o que por ti meu coração sente
e é ao tempo que imputo todas as culpas

cada um de nós recolheu-se no seu próprio mundo
tentando reconhecer-se num novo ou antigo afecto
mas perdidos em algo muito mais profundo
sobrou-nos os corpos insaciados e as almas a descoberto

o verbo deixou de nos habitar os poemas
castramos o ritmo e a rima ao verso
e do amor
perdemos a ciência para lhe entender os esquemas
e deixamos de reivindicar-nos senhores do universo

orbitamos as ilusões perdidas
somos a espiral de um mundo ao avesso
desvanecem-se as dores sentidas
e eu renego o eterno amor que em meu olhar te confesso



leal maria

1 comentário:

utopia das palavras disse...

Talvez utopia ou ilusão do afago!
Será o medo o amor?
Ou o sonho, palpável que nos dislimbre de transcendente...?

Encanto foi o que senti... um hino foi o que ouvi!

Beijo