quinta-feira, 14 de maio de 2009

crepúsculo

crepúsculo 

vê meu amor
o crepúsculo invade-me o país
anunciando fim onde pretendia eternidade.
os perfeitos dias que por ti fiz,
desvanecem-se com a frouxa luminosidade.

e desespero ver-te assim:
anjo sem céu e sem asas;
frágil, caída no chão…
já nem nas etéreas neblinas do sonho por aqui passas;
amiúde
tenho de resgatar-te ao limbo da recordação.

olha meu amor, meu país
sob a agreste carícia da solidão que em nós se  escondia.
seus campos incultos e abandonados...
o futuro anunciando-se 
desprovido do sol que outrora refulgia;
suas cidades vazias, 
à mercê dos vampiros esfomeados.

e tanta palavra…
procuro-nos e já não nos reconheço 
nessas geografias do afecto.
pedaços de minha e tua alma desperdiçados.
em cada verso
meu rosto de tanta resignação circunspecto.
nação em plena metamorfose
na terra dos sonhos eternamente procastinados.

tudo foi muito,
ainda que nos parecesse tão pouco...
mas nada resta 
do genuíno que houve em ti e em mim.
e daqueles dias em que nos habitava as ternuras de um louco,
remanesce um amor sentido a que urge dar fim.

olha meu amor, tanta desolação...
sentes como eu esta sensação de orfandade?
por um fugaz instante tive a ilusão
que o teu olhar me falou num dialecto de saudade...

leal maria

3 comentários:

Anónimo disse...

Que bonito... e tanta melancolia :(
Onde te inspiras tu?
Não é auto retrato :)... acho que nunca saberei fazer um auto retrato, sabes...

beijinhos

utopia das palavras disse...

O crepúsculo é intrinsecamente de esperança...alvorará um dia um país com o sol rubro para cantares ao teu amor!

Eu nao posso dizer mais para além do que as tuas palavras me comovem!

Saio ...assim!

Um beijo

miguel disse...

um dialecto de saudade.
bem bonito!

abraço