segunda-feira, 1 de junho de 2009

vãs dialogos da divindade

Deus :
vem!! aproxima-te… eu te convoquei!
chega-te célere à minha mesa, pois sou o senhor!
reconhece-me como o único rei…
deslumbra-te com meu semblante inspirando temor.

Homem:
Perdoai, mas a verdade é que… venho incauto!
nem sei como aqui cheguei a este ponto do pensamento…
lavras-te contra mim algum auto?
que me recorde, era banal todo o meu sentimento!

Deus:
aaaaaaaaarrrhhh….
homem de pouca fé, que te não criei para isto!
porque arrogante, te perdes em perguntas e explicações sem que eu te as peça?!
o muito do mundo que já houveras visto,
cingiu-te de arrogância sem que o medo te a impeça …

Homem:
em verdade te digo: todo aquele que oprime o convidado,
merece menor consideração que o réptil mais insignificante!
se por convite se entende algo que ao hóspede vai ser ofertado,
de bom tom seria deixa-lo livre na conveniência do seu instante.

Deus:
como começa mal este teu comparecer perante mim!
achas-me complacente e começas logo a abusar da confiança!
lembra-te que sou o Alfa e Ómega… o principio e o fim…
de mim deriva toda a circunstância!

por certo, toda a minha infinita benevolência,
me faz com que seja parcimonioso a olhar para vós.
mas não me é infinita a paciência,
que não venhas a ouvir a minha mais tonitruante voz.

Homem:
mas quê… será por ventura, o teu vociferar ainda mais medonho?
e o teu semblante muito mais iracundo?
não te basta teres-me raptado á beleza de um sonho,
ameaças-me com o teu abismo mais profundo!?




que te pedi eu, para que agora me venhas cobrar?
foi-me nefasta aceitar a escravidão de te servir!
há muito que por ti os melhores bezerros ando a matar;
e somente nos beiços gordurosos dos sacerdotes senti o teu existir.

deixa-me em paz por agora…!
esvai nas divinas entranhas essa taça que tens tão cheia…
é tempo de te ires embora…
que o sangue que se derrama já te não premeia!

dizes-me tolo pelo amor que tenho à ciência.
interditas-me tudo e mais alguma coisa.
mas para ti é que me vai faltando paciência.
o opróbrio há muito que sobre a tua cabeça poisa.
vai-te!

Deus:
como te atreves a tal heresia?
julgas acaso que o renegares-me te abre algum paraíso?
eu era antes de haver o que havia…
a mim me basto… em mim tudo existe do que preciso!

vai-te… vai-te… dizes-me tu!?
e no entanto os teus pés pisam o chão sagrado do meu paço!
a fúria que agora me põe perante ti tão nu,
anuncia a força bruta do meu divino abraço.

há muito que me vens renegando amiúde…
e o mais das vezes te tenho perdoado na minha infinita misericórdia.
tenho-te feito regressar ao caminho da virtude,
erguendo-te da mais abjecta mixórdia.

mas tu… a personificação da ingratidão;
sais do caminho que diligentemente para ti tracei.
e ousas levantar para mim a tua mão,
fazendo tábua rasa do verbo que te anunciei como lei.

mas obedecer-me-ás mesmo que o não queiras!
a minha omnipotência assim o determinou!
apodrecerá todo o cereal nas tuas eiras,
e lançar-te-ei ao Hades d´onde nunca ninguém voltou!




Homem:
seja como o deseja a tua vontade,
se tal for necessário para livrar de ti a minha descendência!
que o deus perante o qual me prostro se chama liberdade
e a sua sabedoria emana da ciência!

não deriva de ti outra coisa que não o acaso…
aliás; ele é toda a tua essência!
é por ele que se faz a geografia do meu passo;
à revelia da tua propalada sapiência.

a mim só me rege a boa ou má sorte!
e mesmo que em vão eu a tente domar;
só desistirei quando sobre mim vier a morte;
então habitarei esse hades
onde és lesto a mandar muitos lá morar !

outra coisa não me resta de que percorrer o caminho que puder!
e para o fazer trincarei toda e qualquer maçã!
e da sabedoria tirarei o mal ou bem que eu quiser!
e esperarei sempre o raiar do sol pela manhã….


continuará…


leal maria

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