subitamente…
omnisciente ao mais ínfimo pormenor
disseco-me pensamento em pensamento
hierarquizo-me do menor ao maior
efémeras
nascem e morrem em mim muitas vontades
oscilo entre o regozijo e o lamento
mergulho promíscuo entre fastios e saudades
se algum amor há que agora dou
em igual dose de desprezo pago também meu tributo
não se renovam os sonhos que antes em mim se sonhou
há tempestades assolando-me o espírito que presumo arguto
e tu… já substância de mim
desafias o tempo perpetuando-te na minha memória
sobrevives ao próprio fim
incrustas-te na minha história
nos dias em que me atormentava a tua ausência
quantas esperanças não sobreviveram à espera
o desencanto na sua mais pura essência
resignado sofrer de quem desespera
mas hoje nada disso me sobrevive
quero sentir-te a falta e já não consigo
transfigurei-te nessa ideia que em mim vive
encarnaste a eterna quimera que persigo
amo o que de etéreo em ti se substância
amo aquilo que não podes deixar de partilhar
a recordação desse teu olhar de poesia
e a tua voz que fiz o som do meu mar
não serás nunca o abraço aberto
que me esperará num cais qualquer
não serás o oásis do meu deserto
nem tampouco te direi minha mulher
serás apenas e só o imenso desejo
corpo de uma alma para mim impermeável
a promessa não cumprida de um beijo
a linha do horizonte inalcançável
leal maria
sexta-feira, 3 de abril de 2009
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1 comentário:
que bonito,L :)
E "quero sentir-te a falta e já não consigo"... é lancinante!
Diz-me lá, desde quando é que escreves?
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