absorto
imune ao estéril murmurinho da multidão
pouco mais sou que um vivo morto…
a própria personificação da solidão
caminho alheio
a estas paredes guardadoras de tantos segredos
passo-lhes de permeio
e o único tributo que lhes dou
é uma leve e distraída carícia com os dedos
feéricas, as cores da cidade
na sua orgia cromática
tentam-me num convite à insanidade
energia para mim ainda tão estática
onde continuo a não encontrar nenhuma verdade
tudo nela é-me irreal
mais etérea que esse lugar onde os sonhos se formam
bizarrias do meu mundo original
que em fugazes memórias a mim tornam
sei-me perdido
sou-me um paradoxo de loucura
razão desprovida de todo o sentido
gesto de ódio germinado em ternura
os corpos passam-me pelas mãos sem que os conheça
os rostos não passam de esgares destruindo a beleza que lhes vi
nada há nos seus sabores que me impeça
de me afundar ainda mais neste abismo aonde caí
irrita-me este embaraçar-me os passos
rejeito todo e qualquer vislumbre do que então havia
e se por momentos finjo render-me aos abraços
são para lhes adulterar o que têm de poesia
procuro a perdição
busco aquilo que os demais têm por medos
o completo vazio do coração
a divina mão de Deus a quem amputaram os dedos
leal maria
sábado, 28 de março de 2009
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