sábado, 14 de fevereiro de 2009

...

no princípio já me esqueceu o que havia;
mas antes da palavra houve o verbo.
e nele se germinou tanta poesia
e um espírito todo ele nervo…

tenho na memória um olhar,
onde havia uma permanente e pueril alegria;
como se o mundo fosse todo ele um lugar encantado.
hoje;
povoa-o uma suave e triste nostalgia;
esse olhar…
tão imberbe, para que nele se encerre a saudade de algum passado.

e é sempre, sempre belo…
duma beleza etérea como um bom sonhar!
imune,
a todas as tormentas de uma alma inquieta;
porfiado por tantos desejos que lhe adivinho no brilhar;
pergaminho de verdades inabsolutas de um mau profeta…

mas já não o continuo a sonhar!
qualquer coisa escapou ao supremo manipulador que sou…
e de tanto que foi o meu amar;
caminho sem saber qual o destino para onde vou.

subsiste-me apenas e somente um absoluto nada…
substancia-me um imenso cansaço.
olho e vejo-me uma alma desabitada;
gélida, repelindo qualquer aconchego de um abraço.

nada faz já algum sentido…
ocupo a ausência de paralelismo entre dois mundos.
um por entre quimeras tão perdido;
e o outro esvaído dos seus lugares mais profundos…

tudo me parece tão irreal,
como se mais não houvesse que um intenso brilho…
perdi até o meu sentir mais leal,
e já nem sei se sulco o meu próprio trilho!

sobreveio-me o fim e já nada existe.
sinto-me um murmurar triste...
resto de uma canção que se cantou;
fragmento de um sonho que se sonhou …



leal maria

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