nas palavras que sobre o nada escrevo
espartilho todo o meu sentir
talhado nos caracteres em relevo
numa outra possibilidade de um existir
e por vezes, torna-se ínfimo o verso
não abarcando toda a tempestade
que é a minha alma no seu reverso
a moer tormentos de uma inventada saudade
amores que amo nesta dimensão
guerras que nela patrocino
génese maior de toda a ilusão
eternidade ideal como almejado destino
mas hoje; sobrevem-me um desencanto
de ver maior a palavra que o sentimento
fere-me a suavidade do doce canto
que é o sentir parido na dor de um lamento
vejo tudo não passar de vãs quimeras
inventadas no meu eu inquieto
fraco alicerce de eternas primaveras
povoando-me um bárbaro país sem dialecto
sou do tudo e do nada
verbo por entre cruéis adjectivos
filosofia escondida numa poesia acabada
na total ausência de objectivos
renasço sem nunca ter existido
recrio um sonho que nunca fora sonhado
num outro corpo sentido
disperso nos corpos por quem fui amado
olho…
acabou o plenitude daquele voar
cansado; pousou o pássaro no chão
o vento que o fez nos céus dançar
sopra agora sobre a desértica aridez do meu coração
e no entanto… ainda é tanto em mim!
leal maria
sábado, 10 de janeiro de 2009
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