terça-feira, 13 de janeiro de 2009

...

quanto do que sinto me cabe num verso?
que sobra depois da palavra esculpida?
devagar…
vou-me consumindo neste universo…
como se nesse devorar, me nascesse uma outra vida.

mas tudo não passa de um obstinado querer,
que a ilusão faz maior do que realmente é!
reinvento-me;
a cada nova frase, num outro ser…
imolando-me,
em pequenos e insignificantes autos de fé.

tenho sede do que aqui não tenho!
ardo num fogo gélido de incerteza…
que interessa
para onde vou ou de onde venho?
o corpo só me reclama este alimento sobre a mesa…
…e o espírito?
…definha-me de tanta fome de ti!

que importa? que importa…
a tua ausência deixe-me lívido de morte!
mas, por maior que sejas em meu peito,
o universo não se rege pela minha ou tua sorte…
e segue o seu infinito caminho sempre a eito!

nem o ter disso consciência,
me faz prescindir deste meu egoísmo…
alardeio, ufano; as batalhas vencidas com literária ciência;
onde me transfiguro,
num D. Quixote de alucinado heroísmo …

e tenho saudades… não sei bem de quê!
do teu olhar… do teu sorriso…?
cego, este meu desejo já nada vê...
mas os sentidos gritam-me… é de ti que preciso!



leal maria

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