perdido em labirintos isentos de convenções
ancorado ao cais da loucura com fortes amarras
busco
ancorado ao cais da loucura com fortes amarras
busco
regressar às
originais ilusões
à primordial
manhã tricotada pelo canto das cigarras
esforço sem
glória
do qual saio
sempre derrotado
personagem
que sou
de uma velha
história
inserida à
força em dramaturgias sem passado
tosco palco
onde dou
forma ao que represento
numa
actuação de tosca ciência
evolui
sem fluidez
cada gesto
que invento
despojando-me
de todas as máscaras de conveniência
e há o
silêncio...
a espera
alucinante
por aplausos que não se fazem ouvir
actuo sem
emoção no acto do bom amante
e é profundo o abismo em que me deixo cair
recurso
literário que o dramaturgo usou
para que se
não esculpisse em definitivo uma fisionomia
sou as metamorfoses nas quais se abusou
das emoções germinadas
pela palavra quando corpo da poesia
mas haverá um último acto
representá-lo-ei
com a mesma persistência desprovida de sentido
o argumento
da ilusão sobrepor-se-á ao facto
e o pano
baixará ainda antes de eu aparecer em apoteose
com semblante de actor agradecido
com semblante de actor agradecido
ir-se-me-ão
todas as personagens embora
já saturadas da intensidade com que as tenho encarnado
perdurará somente o cartaz a anunciar o dia e a hora
em que o que
resta do que sou vai a ser sepultado
ninguém
verterá uma lágrima por mim
o negro
trajar do enlutado não se deterá na minha sepultura
e o agora latente
desejo de dizer sim
será somente
um posfácio
do que
poderia ter sido um gesto de ternura
leal maria
1 comentário:
Céus! que bonito! Que sentimento!!
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