a boca aberta num grito que se não escutou;
ornamentando de uma humanidade decepada, as ruínas.
no olhar, um medo que a morte no rosto lhe petrificou;
e que eu, num inusitado pudor,
fechei com as minhas mãos assassinas.
sigo em frente…
para trás nada deixo de mim!
comigo vai todo esse amontoado de gente,
à qual abreviei os sonhos, trazendo-lhes o fim.
são fantasmas ainda quentes,
que cingi com meu abraço de ferro.
e murmuram-me, em letras de sangue, as canções poentes;
que no corpo lhes escrevi, com a cutilada certeira que nunca erro.
nada me sobra da fúria inicial!
somente um torpor me faz lembrar o homem que sou!
agora que passei p´ra lá da fronteira do mal;
quero beber da taça de quem as cidades conquistou…
Glória! Glória! Glória…
mas… a que preço!?
apenas mais uma sanguinolenta página da história...
um derramar de ódios que me trazem possesso,
e me habitará a memória.
depois, nada mais importará!
somente perdurarão os rastos de destruição…
corpos caídos que poucos ou ninguém chorará ;
fertilizando a morte que semeio pelo chão.
nada se colhe nestes campos a não ser pesadelos!
não germinará nestas searas nenhuma poesia!
aqui somente há ranger de dentes e arrepiam-se os cabelos…
morre-se no anonimato sem direito à efémera beleza de uma elegia.
é desta matéria que é o homem feito...
cheio de ternuras sepultadas dentro do peito…
soterradas sob tanto ódio!
leal maria
domingo, 18 de janeiro de 2009
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