segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A vontade lavrando a nova cidade…

nos gestos algo trôpegos,
adivinho-te a inquietação.
aaah …
sossega esses ímpetos tão sôfregos.;
porque já é nossa…
temo-la na mão!

agora, só nos resta ir em frente!
não olharemos mais o que para trás ficará.
a noite surgirá mansa, de repente…
e será testemunha da justiça que pela nossa mão se fará.

sossega!
esquece os afagos que te embalaram as noites.
não há tempo
para a irmandade dos corpos esfomeados.
na peleja, golpeiam a escuridão com o som dos açoites;
juntemos-lhes todos os gritos que estão amordaçados.

olha e vê… tão ufanos que para nós vêem!
cavalgam uma razão que lhes dá cobertura há tempo de mais
mas nós recebê-los-emos como convém;
saciaremos os nossos campos com os seus gemidos e “ais”

chega-te bem a mim!
endurece com o teu corpo, o corpo desta falange.
principiaremos o anunciado fim,
desse deus que diz: “ tudo o meu abraço abrange!”

mas não foi a nós que enganou com as suas doces palavras!
Jamais fomos sacerdotes das suas liturgias!
nenhumas doutrinas se produziram nas nossas lavras!
nunca nos ouviram cantar-lhe as poesias!

que nos impede então de o devorarmos?
vamos… a cada um o seu quinhão!
e quando satisfeitos ficarmos…
deitar-nos-emos em descanso no duro e frio chão.

nesse momento; que tomaremos como sagrado,
dançaremos a dança da humana liberdade.
e da vontade, que foi e será o nosso arado;
ergueremos das rudes cinzas, uma outra cidade.


Leal maria

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