domingo, 30 de novembro de 2008

o silêncio nas palavras…

silêncios…
mastigo as palavras
e tu
na ombreira dessa porta,
adias a partida que o teu olhar prometia.
o teu olhar que violentamente no meu aporta,
é um navio chegado ao cais numa ensurdecedora cacofonia.

num libelo acusatório,
de dedo apontado ao mais fundo de mim;
culpas-me da natureza que o tempo tem.
mas meu bem,
que interessa a culpa, agora que chegamos ao fim?
não vemos tudo à nossa volta ruir!?
vai então,
senão… terei que ser eu a fugir.

e isso,
seria revelar-te o que há muito em mim procuras.
verias que foram reais todas as minhas ternuras.
já não irias seguir esse caminho.
e eu… eu quero ficar sozinho!

quero sentir-me abandonado…
o tempo é chegado,
a solidão chama-me pelo nome.
em mim há tanta coisa que se some.

de ti, já só quero a memória esbatida pelo tempo.
um vago sabor do antigo sentimento,
a amargar-me os lábios sedentos dos teus beijos.

a vida é-me uma constante procura de sentido.
sempre sempre a dar-me como perdido.
narcotizado na imaterial natureza dos intensos desejos.



leal maria

Sem comentários: