sábado, 25 de outubro de 2008

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no teu corpo saciado;
na dolente quietude de quem acabou de se dar…
adivinho-te no gesto momentaneamente adiado,
a promessa de um renovado amar.

meu amor…
(chamo-te assim, porque o sinto… mas também pela força do hábito!)
teimas enlaçar-me nessa carícia ensaiada nos dedos.
vês-me no olhar o acordo tácito,
de quem se comprometeu no desvendar-te dos segredos…

mas porque me segues os passos?
que trilho insistes em desbravar para mim!?
não mereço tampouco os teus abraços;
quanto mais esse sentimento com que me olhas assim…

trago em mim o efémero!
trajo o egoísmo dos deuses ciumentos!
…presente e futuro às avessas com o passado;
numa incessante sucessão de outros intentos.

deixa-te perder-me!
abandona-me às sortes que eu escolher!
e ainda que haja em ti tanto querer-me,
não te faças tão minha; mulher!

leiloa-me a alma por todos demónios que existem;
para que se comprometam a aceitar-me no país que para eles inventamos.
lá… onde os rangeres de dentes ainda subsistem,
o meu corpo não reconhecerá esse leito, onde ávidos, nos devoramos.

sabes bem o quando eu sou predador!
açambarquei-te na ideia em que te guardo!
devorador…
… rubra alma que se me tinge de um cinzento-pardo!

deixa-te perder-me!
abandona-me às sortes que eu escolher!
e ainda que haja em ti tanto querer-me,
não te faças tão minha; mulher!






Leal maria

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