segunda-feira, 2 de novembro de 2009

uma leitura dos silêncios

…e afinal,
há mais para além dos silêncios
que ausências tornaram um espaço vazio:
ouve-se o sussurro das palavras que ficaram por dizer.
são elas um corpo frio…
acabarão por perecer.

as certezas são aparentes e adivinham-se-me fingidas.
Imponho convicção aos gestos para que me não denunciem.
exíguas singularidades de tão repartido por tantas vidas
suspenso
ávido por um qualquer sinal que me enviem.

quanto mais avanço,
mais me afasto do que quero.
Inevitavelmente,
preso às memórias do que vai ficando para trás.
espero,
impacientemente, mas espero,
aquele sossego d´alma que nos irmana com a paz.

haverá sempre alguém a partir…
olha-se o horizonte na esperança de ver outro alguém chegar.
devia talvez,
tomar o destino em mãos e ser eu a ir,
de encontro ao que quero achar.

mas já nada me move para além da inércia usual...
deixo-me levar ao sabor do acaso.
nada relativizo e tudo aceito como fundamental.
vejo sinais de um destino maior em todo o caminho por onde passo .

leio silêncios com sobranceira literacia,
numa enviesada e conveniente leitura.
tentativa de espremer-lhes uma impossível poesia,
com que daria corpo a uma possível ternura.

todo eu sou uma intensidade letárgica.
avassalador turbilhão contido num corpo que o tempo vai vencendo.
a toada trágica,
de um personagem que, ingloriamente, vai da peça desaparecendo…



leal maria

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