domingo, 18 de outubro de 2009

sobrevive a esperança ao bucólico desencanto

deu a alma toda dispondo o corpo completo
à gula de quem tomou como traje a pele do predador
submissa, aguardou que algum afecto
fosse o desejado bálsamo para a sua dor

mas ausências amputaram-lhe sonhos
tão grávida de segredos
dentro de si os trouxe como se fora filhos
havia-os gerado nos esforços medonhos
ao desbravar novos trilhos

mas ali,
suave como sempre o fora
decantou com o olhar
tudo o que a flor tinha como essência da primeira hora
e desejou-a um mundo perfeito
forma do grito trazido amordaçado no peito
que crescesse junto ao suave canto
que a trazia no espanto
das coisas a crescer anárquicas e sem espartilhos.

pétala a pétala ia-se descobrindo
moldando corpo e alma ao desejo
como a primeira nota da melodia de um deus rindo
ansioso lábio à espera do beijo

há muito fertilizava-a o pólen das coisas inquietas
às memórias dos tempos que foram duros
sobreporia a luz das manhãs despertas
libertar-se-ia das sombras existentes entre muros

em comunhão com o destino da flor
perenes
somente ser-lhe-iam as boas recordações
ainda que efémeras as glórias do amor
numa ideia de eternidade germinar-lhe-iam as emoções



leal maria

1 comentário:

Maria disse...

Me chamou a atenção o teu nome, o meu.
Depois encantei-me com tua poesia, dona de si e de muitos mundos.
Amei o blog
http://mallubrasil.spaces.live.com/