sexta-feira, 10 de julho de 2009

grito

sim, fui eu quem deu o grito!
e se querem saber porquê, nada vos direi!
manifestando alegria ou aflito
não têm nada com isso
pois fui eu e mais ninguém que o dei!

e se dele assumo a paternidade
a mais não me sinto obrigado…
reservo-me a essa maior liberdade
que é dar um grito e ficar calado.

mudo , é tal qual agora estou!
tudo em mim são silêncios feitos de palavras amordaçadas…
há sentidos que em mim se achou
e que quero tornar águas passadas!

sim! já me canso de o repetir…
fui eu que dei esse grito que ouviram!
e entre o grito ir e vir
muitos foram os gestos que em mim se repetiram.

quem quisesse os soubesse decifrar
são muitos os dialectos em que a gente fala!
dá-se um grito por ódio ou por muito se amar
e não há vontade alheia que diga que nos cala.

gritarei sempre que me apeteça!
ainda que me digam por demónios possuído…
nada haverá que no caminho que me apareça
que impeça este mundo que em mim vai sendo reconstruído!

tudo está no cerne da vontade
tudo reside no desprendimento
grande é a cidade
quando livre, a cruza o vento

sim fui eu que dei o grito…
num som duro.. com a consistência do granito!


leal maria

1 comentário:

utopia das palavras disse...

Que grito narcísico, amigo! Sabes que os gritos quando juntos têm efeito arrasador no sentido de desplotar consciências. Se me permites eu gritaria contigo, não ao teu amor, porque esse só o teu silêncio o pode gritar, mas sim à sociedade, que carece tanto de ser gritada.

"grande é a cidade
quando livre, a cruza o vento"

Não é só a "Utopia" ou as "letras Igneas" que cinzelam os versos da poesia, porque isto que eu li é simplesmente UMA ESCULTURA DE PALAVRAS!
Amei o teu poema!

* já existe o Reflexo de ti...!

Beijos