ao corpo não se me acabou o sentido
e na memória a alma está-me sempre nua
mas há um imenso espaço de tempo perdido
que diz que a ausência não é somente a tua
já me faltam aos sonhos a sua imaterial substância
perdi-a para os verbos de tanto verso
dissolvi-a nesse horizonte de incalculável distância
que é o paralelismo de um inventado universo
são tantos os seus lugares que me trazem a saudade
e neles nem sei porque me deixo ficar
sonhar é-me uma meia verdade
porque neste limbo é eterno o esperar
fico agarrado a imagens
desenhadas segundo uma nítida e clara ideia
que me ficaram impressas nos percursos dessas viagens
onde se me teceu emoções numa emaranhada teia
ando em círculos alucinados
seguindo o abismo profundo de uma espiral
resoluto retorno a segredos desejados
onde a lonjura de tudo personifica um mal
olho para trás e ninguém me segue
vendo bem nem eu o quereria
que basta-me que sinta que me persegue
uma miríade de palavras em possibilidade de poesia
tudo pesa imenso e há em mim o natural cansaço
de um sobrealimento de emoções
quero libertar-me desse sufocante abraço
que é a dor sentida na orfandade que se assenhora dos corações
sentir nada
como era bom que assim fosse satisfeito o meu desejo
sentir nada
nem quando o teu lábio no sonho me acaricia com um beijo
mas a flor cai sempre nas águas agitando-as
e naufraga estes meus intentos
vêm os demónios das emoções e perpetuando-as
deita por terra estes meus vãs alentos
que navio é este onde habito?
tudo é novidade nesse mundo que do alto da gávea da palavra fito!
leal maria
sábado, 4 de julho de 2009
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