quarta-feira, 6 de maio de 2009

deixa-me sonhar-te esta noite

deixa-me sonhar-te esta noite
num sonho feito do mais carnal desejo
porque nada quero que a alma me afoite
em ânsias e suspiros tenho-te eu de sobejo

deixa-me cobrir-te com o meu corpo
no anonimato da escuridão
ser a âncora que te segura
num ponto qualquer desse imenso espaço
ler-te a fisionomia
no desenho que de ti fizer a minha mão
e exangue fique
no violento naufrágio do teu abraço

que o meu corpo se funda com o teu
e em tudo isso
não vejamos mais que a normalidade
a natural posse
de algo que sempre se nos prometeu
e de que nem chegamos a sentir saudade

grita profundamente todos o silêncios manietados
em total insubmissão ao destino voraz e predador
deixa-me deslizar pelos azimutes suados
das tuas geografias sulcadas por um divino semeador

quero emprenhar-te da mais crua luxúria
dar-lhe a forma delicada do teu seio
e morder-te em convulsão e majestosa fúria
no orgasmo alucinante de um animal sem freio

vem com tudo o que tens
oferece-te a mim
faz-te a oferenda imerecida
que eu aceitarei com sobranceria
então
poder-se-á decretar ao bárbaro tempo o seu fim
e no teu olhar lerei
a perfeita e derradeira poesia



leal maria

1 comentário:

miguel disse...

sobre o que digo ou não das poesias que aí andam, deixo-te procurar as minhas palavras aqui:

http://open-sourcepoetry.blogspot.com/2009/02/pensamento.html


julgo claras essas palavras.

Aqui continuarei a passar e espero continuar a contar com as tuas visitas. O blog open-sourcepoetry fechou.
Cada coisa tem seu tempo e seu cabimento. O open-sourcepoetry terminou a missão que lhe quis dar. representou um dos momentos mais importantes da minha vida. Acabou esse momento. A dialéctica é feita também de negação. Para dar lugar a um outro http://letrasigneas.blogspot.com , o open-source deve fechar o ciclo que começou. é como um livro que se acaba para começar outro. como o inverno se nega para nascer a primavera.

Ah! escrevi esse pensamento sobre a poesia dos dias de hoje antes de quaisquer resultados do concurso Sebastião da Gama. O classicismo forçado, infelizmente, ainda domina. a forma domina a tempestade poética. é pena, mas não deixa de merecer o meu respeito quem consegue manobrar palavras como bolas de malabarismo.