sexta-feira, 10 de abril de 2009

alma prostituída

era o sal... sim foi o sal
esse sal que na tua pele eu sentia
que perdurou para lá do final
do ímpeto com que o teu corpo nu eu cobria

perdurou ainda depois de morrer o beijo
sobreviveu à tristeza do anunciado adeus
independente do efémero desejo
soube reinar sobre os teus sonhos fazendo-os meus

impregnou-me a memória
deixou-me nos sentidos a marca do teu sabor
fantasia premonitória
em que o tesão deu lugar à nostalgia do amor

foi esse sal que me encerrou nos lábios
tudo aquilo que ficou por dizer
nada me valeu a pretensa sabedoria de sábios
perante as tuas confissões nos gemidos de prazer

sobrevém-me agora um remorso
de não saber atenuar a tristeza em teu olhar
mas nunca poderia dizer-te que o futuro era nosso
se há muito abdiquei de ser servo do amar

sou um moribundo
mercenário dos sentidos em corpos alheios
entre o superficial e o profundo
vou até ao fim deitando mão de todos os meios

o teu corpo foi mais um cais de chegada
posto intermédio para a minha perdição
um abrir de porta que se encontrava fechada
fuga em frente na recusa de toda a salvação

mas foi o sal
sim! foi o sal na lágrima no teu rosto
querendo resgatar ao limbo a minha alma prostituída
e as cores daquele sol posto
trazendo-me de volta a recordação
de uma outra nuance da vida


leal maria

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