quarta-feira, 4 de março de 2009

...

quem são aqueles, precedendo-me no caminho?
vêm agarrados aos paradoxos da minha memória...
neles mal me reconheço;
e no entanto sinto-os habitarem-me a história!

tanto foi o que me ficou para trás...
já pouco há dos que fui neste que aqui vou!
personificações das minhas esperanças tão vãs...
muito do que de mim neles houve se evaporou!

mas há marcas que ainda me tatuam a alma!
recordações,
que o tempo não deixa de devorar na lenta erosão da sua passagem.
uma promiscuidade entre a fúria e a calma…
mansas águas de um rio que ousaram galgar a margem.

resta-me o continuar em frente;
de encontro à linha do horizonte inalcançável.
na procura de uma outra quimera que me tente;
couraçar-me na vontade inquebrável…

o caminho ficará inevitavelmente a meio!
não é, em todo caso, o fim que lhe procuro.
mas o que lhe está de permeio;
o desafio de transpor mais um muro…

o fim, esse; chegar-me-á sempre de surpresa!
como um velho conhecido de quem não sinto saudades!
de nada me adianta ter a vida presa…
tão pouco sobreviverão as pedras das minhas “cidades”.

fui germinado num caldo de efémeros ingredientes…
matéria de volátil natureza!
uma sucessão de causas aleatórias e inconsequentes…
resíduo cósmico impregnado de impureza…



leal maria

Sem comentários: