domingo, 15 de fevereiro de 2009

... das palavras

… e é bela toda e qualquer voz
quando recita um poema
desatando-nos à alma muitos dos seus nós
com a melodia do fonema

e pelas palavras se faz uma guerra
e por elas se inicia um gesto de paz
se remexe a carne e o sémen da terra
e há um sonho que se faz e desfaz

cria maravilhas, mas também coisas medonhas
e pode conter o mundo em toda a sua insanidade
se as impregnar quaisquer ódio que lhe ponhas
regerminarão em sangue e crueldade

pelas palavras se faz um filho
pelo poema se sepulta uma esperança
desenha-se a coordenada dum secreto trilho
alarga-se o horizonte p´ra lá do que a vista alcança

foram elas que decifraram todos os anseios
que agitaram o espíritos dos nossos antepassados
são os seus nutritivos e fartos seios
que nos alimenta neste novo Olimpo sem Deuses antiquados

e foi em palavras que te amei
foi por elas que a forma do teu corpo se formou na minha mão
e também sobre elas te forniquei
e serão talvez elas que de ti me libertarão

e por com elas me deitar
serei sempre senhor do sentir e pensamento
e por mais que me venham a alma inquietar
é por elas que realizar sonhos eu sempre tento

caminharei por entre o vale das sombras intermitentes
sem que os passos me errem
para entrar no seus paraísos não preciso de ranger os dentes
ainda que furibundos sacerdotes impropérios me berrem





leal maria

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