quis o poema
o perfeito ritmo do fonema
com sentido e válida mensagem
e nos remetesse para a viagem
ao citar o nome de uma rua qualquer
numa cidade estrangeira e norte europeia
referindo o curioso autóctone desvelado numa onomatopeia
frente a uma bonita mulher
estranho ritual de acasalamento
frente a uma bonita mulher
de anca esguia e olho azul
uma diferente beleza destas nossas mulheres do sul
estranho ritual de acasalamento
improvável exotismo
evidenciando a universalidade do sentimento
num inspirado lirismo
num inspirado lirismo
um poema que subliminarmente
de mim dissesse ser cosmopolita
perpétuo migrante no mundo
dos demais diferente
que na cidade estranja habita
o ideal mais profundo
um poema assim ao modo como fazem nossos poetas
conhecedores da toponímia de Estocolmo e Amesterdão
desinteressados das nacionais tretas
como se para com eles tivéssemos uma divida de gratidão
mas somente me saíram palavras mal alinhavadas
amontoado de ideias desconexas
monumento à contradição
onde exercito manter alinhadas
as formas côncavas e convexas
das tempestades que me assolam o coração
cosmopolitismo introspectivo
viagem por topografias acidentadas
com cada rua sem o nome respectivo
tal a violência em que foram geradas
em todo caso
sei o nome de algumas ruas de Lisboa
também de Aveiro
onde se passeia tanta mulher boa
e meus sentidos gritam para que delas me faça companheiro
é assim torta toda a grafia gerada por minha mão
sem outro sentido do que o usual tesão.
leal maria
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